quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ALBERTO - PARA UM MOMENTO


4º texto


De Alberto, não me resta mais nada a não ser a imagem de um jovem que adorava brincar com os idosos no Lar onde prestava assistência, pregando-lhes “partidinhas” inofensivas, irradiando com o seu sorriso contagiante a solidão afectiva dos sem família. Porquê, Alberto? Tão alegre, comunicativo e tão drástico? Trocou este mundo pelo outro. Agora talvez saiba se fez a melhor opção.



Já se dera a combinação entre o riscar da pedra e o gás expelido indicando-se uma chamada de calor e luz. Vindo debaixo, o cigarro aproximou-se como o presente se aproxima do futuro, como um oposto a meio do caminho andado, tende para o oposto; o encontro verificou-se sem que chama e cigarro tivessem, na realidade, se encontrado. Foi de repente que a chama transmitiu a sua luz e o calor cigarro, este inflamou-se numa claridade mais clara que a claridade do sol que o rodeava, era dia. Do cigarro nasceu um novo ser que morreu logo de seguida, o fumo desaparecia mesmo antes de criar forma. O único facto que dava sentido ao novo ser que nascia era o desaparecimento contínuo do cigarro, do desaparecer deste resultava ainda um todo que se desintegrava quando se desligava do todo de que fora parte integrante. Fora um momento onde o sentido de morte e de vida se haviam confundido, a existência perdera o seu sentido, a realidade… A realidade resume-se às entrelinhas.

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