segunda-feira, 31 de maio de 2021

O Céu Desceu


O Céu Desceu

 

- Mãe Dá-me flores brancas, brancas!

Dá-me o Jardim!... Dá-me essas flores


- ...!?


A criança olhou o céu

e o céu desceu aos olhos da criança.


- Mãe! Dá-me o sol. Quero pintar o sol!


- O sol que fere, meu amor?...

Tão alto e tão fulgente que não há

cor mais solene que o seu ouro puro?


A criança baixou o rosto triste

e o sol fulgiu no cabelo da criança.


- Mãe! - balbucia em voz sumida - 

Dá-me as ondas do mar... dá-me o luar!


- Mas que tolice, filho! o mar tem cor!

E a lua é branca como deus a fez...

Pinta esse livro que eu te trouxe, vá!

Ou nada te darei para a outra vez.


Um soluço se ouviu...

E o mar falou ao ouvido da criança.


- Mãe! Dá-me Deus!... Eu queria pintá-lo, sabes?...


O pincel sorriu nos dedos da criança...


E a criança chorou.


                                           Aurosa Santos

 

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Mea Culpa



Eis que estou por perto, à porta e bato.
Não sei, Senhor, se acaso ouvi bater.
Minha alma tenho-a sob o meu sapato.
De tanto estar ceosa do meu ser.

Se tu me abrires a porta, Eu entro e ceio.
Comigo, meu Senhor? Em que momento?
Não tenho que vos dar e mais, receio
não ter a casa limpa nem assento.

Quisera ter a cama de brocado,
o talher de cristal e tudo em fim
que Vos desse um repouso assegurado.

Perdoa-me Senhor mas sou assim.
Que tenho p´ra Vos dar do Vosso agrado
que Vós me tenhas dado já a mim?
 


Desejo de uma Páscoa Santa a todos os familiares e amigos!

                                                                        Aurora Tondela

domingo, 20 de dezembro de 2020

Mensagem de Natal e Ano Novo


A minha alma podia estar mais alegre e iluminada mas está triste e desapontada. Cada vez mais me capacito que o mundo não conhece o que é o Amor nem tão pouco tem consciência da perversidade dos seus atos. Atua como se não tivesse amadurecido o seu pensamento e continuasse infantil.  Também não prevê que a sua negatividade é mais uma semente nociva no progresso da humanidade e dos costumes. A moral cada vez está mais enfraquecida e o amor ao próximo não passa de fachada.
A passividade que a sociedade tem demonstrado perante atos de energúmenos, como os que foram noticiados, não tem razão de ser; demonstra uma indiferença e frieza impróprias de seres racionais.
Pode-se celebrar com felicidade e sem culpa ou prenúncios de remorso uma data que para muitos sublinha drama e tragédia? Onde está a nossa solidariedade?
É verdade que podemos acreditar numa justiça divina, já que a justiça humana nunca atua de forma oportuna e exemplar. valha-nos isso e nessa crença fiquemos para que possamos concluir que vale a pena existir, guiados por uma Ordem sobrenatural e uma Inteligência superior.
O Natal devia ser uma quadra que se multiplicasse no quotidiano de cada pessoa e que cada um se preocupasse com o próximo fora das épocas festivas; o mundo seria mais feliz e o ser humano evoluiria ascendendo sempre para a sublimidade dos seus atos, transformando a travessia da nossa existência, enquanto terrenos, numa dimensão superior àquela que usufruímos.
Mais um Natal celebramos, quiçá prometendo a nós próprios uma mudança radical dos nossos hábitos e temperamentos.
Sendo uma data de partilha e de cumplicidade, congratulemo-nos pela mensagem eterna de um Menino que veio ao mundo em circunstâncias adversas mas as venceu gloriosamente.
Tal como Ele, em união e humanismo, enfrentando a maldade e a violência poderemos atingir mais compreensão, mais lucidez, mais entendimento e mais proximidade com os problemas alheios.
Pensemos nisso!

Termino, reiterando os meus votos de um santo Natal com felicidade e fraternidade e um Novo Ano pleno de paz, saúde, esperança, renovação e prosperidade.

Aurora Tondela