domingo, 31 de agosto de 2014

FREDERIC KELLER



Em 22 de Agosto último, tive conhecimento do infausto acontecimento que vitimou instantaneamente, o compositor musical alemão Frederic Keller.
Conheci-o em França, na cidade de Saverdun.
Habitava uma mansão, de estilo medieval, com sua esposa Monika, pintora artística que, na época, se dedicava a restaurar e decorar com motivos esotéricos, anjos, querubins, serafins, a igreja de Carla-Bayle, no cimo de um dos morros dos Pirinéus.
Tomámos muitas refeições em conjunto e estabelecemos longos diálogos em francês, idioma que ele falava correntemente. Mas eram inolvidáveis os serões regados com uma odorífera infusão de gengibre e limão acompanhado de um original bolo caseiro.
Monika apreciava muito o fado português, facto que me permitiu presenteá-la com CD,s dos nossos mais prestigiados artistas, incluindo a Amália, de quem gostava muito.
Frederic era um dos cinco músicos no mundo a divulgar o instrumento musical do feudalismo, o realejo, ornamentado com desenhos e cores que sublinhavam a sua arquitetura ancestral. A música era gravada em longas tiras de papel perfurado e dava-se à manivela, deixando desfilar quilómetros de fita.
Iria ser agendada a sua vinda a Portugal, para um espetáculo na Casa da Música, no Porto.
Entretanto, o casal vende a sua vivenda e o terreno paradisíaco que a circundava e regressa à Alemanha.
Depois de correspondência trocada, o silêncio.
E depois do silêncio, a notícia brutal, sem réplica. Frederic seguia no seu carro durante a noite, circulando por uma rotunda, quando, disparado como uma bala, um outro veículo se arremessa sem travão, selvaticamente, irresponsavelmente.
Frederic teve morte imediata. Não sofreu.
Sofrem os que ele deixou e que o amavam.
Sofrem o lugar deixado por ele, onde tudo dele fala.
Onde estás agora, Frederic?

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