Folheio para trás as páginas
do meu diário e procuro. Rememoro virada para o passado tudo se esfuma. Um
borrão mancha nomes que de mim se esqueceram. Uma neblina silencia nomes que a
morte ceifou e continua a ocultar ma sombra de uma nostalgia resignada.
Posso orgulhar-me de ter
tido grandes amizades, daquelas que me nimbaram, despojando-se até ao
sacrifício.
Este sentimento, mais puro
do que o amor pois é desobrigado de egoísmo, é tanto mais precioso quanto tem
de raro.
As amizades banalizaram-se e
são muito poucas as que se dão sem querer nada em troca.
A amizade cultiva-se.
Semeia-se para se colher. Quando não dá bom fruto nem a planta melhora com a
poda, o melhor é desistir desse terreno árido onde as sementeiras não florescem
e procurar amaciar o coração com a brandura compreensiva ou o sentimento tolerante,
na certeza de que ninguém é perfeito.
Afortunadamente, eu sei o
que são amizades duradouras. Amizades que nasceram na juventude, na
cumplicidade de certos valores, na aventura de caminhadas em comum.
O tempo passa mas não apaga.
Mais bela do que o amor, se
ela o substitui quando este se acalma, está erguido o pilar das verdadeiras
descobertas enriquecidas por tesouros que não são falsos.
Ter amigos com quem se pode
contar, desabafar, partilhar momentos de euforia ou tristeza, torna a vida
menos pesada
Feliz aquele que tem amigos
em quem pode confiar, são discretos e respeitam as suas confidências,
guardando-as no sigilo apropriado
A traição mata a amizade.
Mas a amizade que supera traições guinda o ser humano ao nível dos eleitos na
filosofia cristã.
Que se todos procedessem com
o pensamento no seu próximo, dele mesmo teria a desejada recompensa e o mundo
seria melhor.
Se não se puder amar, não se
odeia antes, se esqueça.
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