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Veio
de geração em geração e está hoje nas minhas mãos.
Não
sei em quantos Natais já foi exposto. Ele e a Árvore de Natal acompanham-me
desde criança mas o Presépio tem muito maior significado, para mim, não só pela
realidade ancestral que virtualiza como cultiva o espírito humanista de cada
um, orientando-o para dons morais essenciais à vida individual e comunitária.
O
meu Presépio é representado por mais de cinquenta peças, as indispensáveis para
simbolizarem uma época tão pragmática como a do nascimento de Cristo.
Toda
esta alegoria natalícia celebriza-se pela história que conta e pelo legado que
deixou à humanidade, definido por valores morais que fomentariam a paz e a
solidariedade entre os homens.
Este
ano, mais uma vez, apregoa-se que o Natal é das crianças. A lenda, a magia, o
brilho e as cores, as surpresas, os presentes. É este o Natal que lhes explicam
na figura simpática de um ancião de barbas brancas que viaja de trenó e vem dos
da Terra onde há neve e mistério.
Mas
enquanto o Pai Natal revoluciona a indústria dos brinquedos, o significado do
Presépio não desperta o coração infantil e o nascimento de um Menino que veio
para ensinar o Amor, a Paz e a Bondade, dilui-se no entusiasmo das aparências.
Falo
do meu presépio porque desejo contar uma bela história de Amor, resguardada
pelos tempos na memória dos homens até aos dias de hoje.
Maria
e José viajam de Nazaré até Belém. Ele e o seu bordão levam pela arreata o
jumento em que Maria se assenta. Está grávida e extremamente cansada. O
percurso é longo sem fim à vista.
Entretanto,
no seu palácio, o rei Herodes recebe a visita de três reis do Oriente, que lhe
falam do nascimento de um Menino especial, futuro monarca anunciado por todo o
mundo. Eles próprios foram informados, naquelas terras longínquas e estavam a
caminho para o homenagearem.
Herodes,
inquieto, pede-lhes que, no regresso lhe tragam notícias em pormenor, para, por
sua vez, honrar o recém-nascido com as suas ofertas. Em Belém, havia muito
movimento. As ruas encontravam-se pejadas de forasteiros, comerciantes e muito
povo que por decreto do imperador César, tinham vindo para se recensearem.
Terminado
o registo, o casal dispunha-se a regressar quando Maria, alanceada pelas dores
do parto, anseia um lugar para repousar. Mas as hospedarias estão lotadas e as
casas particulares recusam-se a recebê-los.
Emanuel
nasce num curral, aquecido por dois mansos animais e tufos de palha seca, dum
branco pérola de colcha rendilhada.
À
demonstração de humildade deixada por um Menino rico e poderoso, seguem-se as
ofertas, os presentes, traduzidos de múltiplas espécies, oriundos de muitos lugares
e entidades, uns caros outros modestos, alguns, raros, usados pela nobreza,
como o ouro, o incenso e a mirra.
O
meu presépio tem todas as personagens dessa época longínqua e nenhuma figura
está nele por acaso. Desde o pastor ao moleiro; desde a mulher do povo, ao
artífice; desde os reis magos à estrela que os orientou, tudo isto integrado num
espaço onde ovelhas, cães de guarda, burros e camelos preenchem o seu lugar e
os produtos da terra, cereais, abóboras, frutos da árvore, puros de aspecto,
excitam o apetite.
Nada
disto teria valor sem aquela pequena gruta, onde na aconchego de dois animais,
em cama de palha, José e Maria contemplam o pequenino ser em quem se concentram
todos os interesses do mundo, um mundo decadente. Um mundo que não aprendeu a
lição de Amor e de Paz imprescindíveis na existência dos povos.
Àqueles
que, mecanicamente e por força do hábito ou por qualquer outra razão
instintiva, oferecem presentes natalícios mas permanecem de costas viradas com
o outro, na mesma plataforma de desequilíbrio afectivo, eu desejo que a mensagem
do Natal lhes ilumine o espírito e abrande o seu coração, no reconhecimento de
que, vivendo em quezília, só fazem mal a si próprios. O peso de uma alma
acorrentada ao conflito, não deixa que essa alma respire em liberdade e em
claridade mas viva em cegueira permanente com a semente do remorso germinando
no silêncio da ignorância.
A
Sagrada Família não existiu por acaso mas para modelo de mexilhões de famílias
que sem invocarem o exemplo de união, se desmoronam sem redenção possível
Se
cada elemento do agregado só pensa em si, encerrado no seu feroz egoísmo, como
juntar os destroços?
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