Dizem
que o Carnaval é das crianças mas eu cada vez mais me capacito que não.
Vestidos
como é hábito ou fantasiados, os pequenitos divertem-se na mesma. As
personagens que eles imitam não têm qualquer representatividade nem lhes atribuem
qualquer importância senão aquela que os media lhes atribuem.
Os
pais, os familiares, esses, sim, recreiam-se, envaidecidos e animados pela
figura simbólica, não pelo papel que as fantasias de palmo e meio movimentam. E
não é de estranhar depararmos com um samurai sem punhal um cavaleiro sem
espada, um rei sem coroa, um cozinheiro sem colher de pau, uma fada sem varinha
porque todos esses adereços são autênticos empecilhos para andar no baloiço. no
escorrega ou no carrocel dos cavalinhos.
Mas
o Carnaval inspira alegria e nos adultos uma certa ironia crítica.
E
deixemos para os adolescentes o “faz de conta” pitoresco e brejeiro reservado
para os bailes de máscaras e para os salões e discotecas onde música e barulho
se misturam.
Esquecendo
o sábado, domingo e terça-feira gordos, até o tempo não colaborou. É também por
isso que existem os shoppings, as grandes superfícies, onde os garotinhos comem
guloseimas e brincam no parque de diversões. Quando alguém se lembra de, para
variar, pisar as máquinas de jogos e a zona dos electrónicos, o barulho é
ensurdecedor e nocivo para os pequenos cérebros em desenvolvimento.
Não
termino sem homenagear todas as crianças que assinalaram este Carnaval de 2016,
cuja indumentária saiu de requintes de imaginação, para orgulho e sonho de quem
assistiu aos desfiles.
Eu,
até ao ano que vem vou ter na memória três crianças, de comportamento exemplar,
fascinantes na sua inocência e garrulice:
Miguel,
de três anos, fantasiado de pirata, com o seu chapéu de abas dobradas e o seu
sabre provocador;
Carolina,
de três anos, vestida de chinesa, graciosa, resplandecente de “pedras
preciosas”, com o seu chapéu de sol rodopiando e o seu pente oriental, delicada
flor de lótus, inesquecível;
Bruno,
de quatro anos, envergando um modelo de príncipe, de nylon amarelo e azul
bordado a lamé, resplandecente como um nobre senhor da antiga monarquia.
Saúdo
estas três miniaturas humanas, originais nos seus veludos, cetins e brilhantes,
de carinhas macias e rosadas, para quem desejo um presente e um futuro de
acordo com os seus sonhos e ideais.
Não
finalizo sem sublinhar a imagem deliciosa de uma pequenina, vestida de abelha.
Não teria mais de dois anos, aquela “abelhinha” anónima, de asas de seda
tremeluzentes, destilando a doçura do mel, a fragrância de uma açucena.
Assim…
no Carnaval, “ninguém leva a mal”.
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