quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ENCONTO de CANICHES IV


Rissol, um belo exemplar da serra transmontana mas ainda recentemente desmamado, hoje não está presente na reunião habitual do chá e da canasta.
- Está doente? – pergunta a Lulu.
- Não. Foi a uma consulta de rotina e acho que tomar uma vacina e isso deixou-o deprimido. A dona, por precaução, quis que ficasse a descansar no sofá. – informou o Rubi.
- Olha, ao menos não teve uma longa espera nos corredores do hospital. - proferiu Jimmy.
- Vocês ainda se não capacitaram de que quem não pode pagar é que sofre?
- Quem não pode pagar?! Quem não pode pagar, paga tudo. Alomba com as despesas sociais para poderem os mais ricaços sustentarem as suas mordomias. Os pobres, os de baixa condição em rendimentos, como são muitos é que sustentam os endinheirados. – avançou o Filo.
- Rubi teve uma ideia:
- Vocês já viram que todos esses impérios financeiros estão alicerçados em actos corruptos?
- São castelos de cartas! Vê como se desmoronam. – corrigiu a Lulu.
- Eh! Pá! Eh! Pá! Calma aí! As fortunas não acabam. Ou pensam que a maior fatia não está salvaguardada nos cofres estrangeiros em nome e outras pessoas? Ah! Pois! Eles são tudo menos idiotas.
- Concordo Filo. Souberam daquela figura da família banqueira que disse que se ia isolar naquela enorme herdade que apareceu agora, ilegal claro?
- Que disse ela? – perguntaram todos ao mesmo tempo.
- Disse que ia para lá “para brincar aos pobrezinhos”.
- É um insulto! – atirou Jimmy, irritado.
- Não percebo… - interrompeu Lulu. – Que queria ela dizer?
- Então… dispensava os criados e outros serviços… sei lá! Não sei!
- E ia viver para uma mansão ou palacete… ou coisa valha. Viram as casas que estão dentro da quinta? Colossos palacianos!
- E é isso que vai ser destruído?
- Pelo menos, é o que consta da informação televisiva.
- E tu cofias em partidarismos…
- Jimmy! Este é o sistema que temos, de pedra e cal; nem a oposição é credível. Só bla-bla…
- E aquela cena dos tribunais? Caos ou colapso, como emendou a…
- Essa! Ela não disse que no colapso estão os portugueses só de os ouvirem e no caos andam eles, à custa de atirarem tanta areia para os olhos.
- Depois, tomam-se decisões esfarrapadas… com os professores, com os serviços de saúde, com os processos judiciais, etc., etc., fora o resto.
- Qual resto? Há resto?- inquiriu o Filo.
- Rubi suspirou.
- Observa! Coisas insignificantes, de somenos importância: o acordo ortográfico, a questão dos submarinos… Os problemas atuais ficam por resolver.
- Por exemplo… - arriscou a Lulu.
- Pescas; continua artesanal. Agricultura: onde pára a famigerada reforma agrária? Isto sem contar com o resto que está mal: a saúde, o ensino, o sistema judicial. E o que há imenso por fazer no quotidiano.
- Mas primeiro há que liquidar a dívida. – teimou a Lulu.
- És crente! Alguma vez fica paga? Essa, não são os mais pobres que a estão a pagar? Vão chover mais impostos, para animar, que é que pensas?
- Temos uma escapadela para o crescimento económico, o turismo. – lembrou Jimmy.
- Pois! Só se come durante três meses. No resto do ano… hibernamos.
- Acham bem esta ideia majestosa de pagar uma verba sobre os sacos de plástico?
- E não é que contam já como certos, os milhões que irão arrecadar?
- E o povo alinha!
- Comodista como é… Eles sabem isso. Pode haver um ou outro que discorde…
- Adianta um grosso. Cada um pensa por si, age por si. Que se lixe o coletivo. - finalizou o Filo, a despedir-se.
- Ciau! – responderam os outros em coro.

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