25
de Abril.
Quem
o viveu, ou não existe já ou está próximo do fim, reservando para si o seu
açafate de saudades.
Quem
viveu um tempo de ditadura e experimentou a democracia, deve ter arrepiado
caminho no âmbito das suas esperanças, pois acabava de sair de um sistema
rígido, fechado, onde nem sequer havia margem para a liberdade de pensamento.
Não podia haver nada que se dissociasse do regime, que fosse contra o poder do
Estado, contra a vontade fascista. Mas se por um lado, a desigualdade de classes
era de extremos, e muita população sofresse pobreza e menos regalias, comparando
com a era atual, fala-se de miséria, de baixos níveis de pobreza, de famílias
com fome, de desemprego e de suicídios, como solução destas discrepâncias numa
sociedade limitada pelo medo de falar alto, procurar a liberdade pela
clandestinidade, de gerar movimentos pelos panfletos “underground” e sofrer as
consequências da sua rebelião através da tortura e do presídio ou exílio.
Mas
não se via uma casca de fruta na rua; não se ouvia um palavrão em voz alta,
respeitavam-se os idosos; protegiam-se os recursos naturais da paisagem e dos
bens essenciais; as punições para os infratores servia-lhes de lição.
Hoje,
a democracia vestiu bibe de criança malcriada e a liberdade corresponde a vícios
e consumos proibitivos, ao desprezo pela vida dos outros, a abusos execráveis,
à criminalidade desenfreada, a sentenças judiciais sem um mínimo de justiça.
A
democracia, sendo governo do povo, é representada pelos partidos que deviam defender
os interesses do povo. Assistimos no Parlamento, a que cada deputado manifesta
regozijo em ouvir a sua própria voz, pois assuntos de vital importância
permanecem nos portfólios.
O
que nos resta do 25 de Abril de 1974? O feriado.
A
imagem dos cravos vermelhos em cima dos carros de combate, das “lagartas” e na
lapela das fardas dos homens das Forças Armadas, alguns deles esquecidos no
anonimato.
O
25 de Abril de 1974 está murchando na memória dos veteranos. Um novo 25 de
Abril se impõe para rejuvenescer Portugal nos caminhos da liberdade, progresso
e abundância, independente e livre sem lugar para os corruptos… que deviam ser
penalizados com os “cortes” que estão sofrendo os mais pobres.
É
intolerante que não busquem nos grandes rios, o que as pequenas fontes já
esgotaram.
Mas
eu persisto em pensar:
“Cada
um tem o governo que merece”.
Os
que disso se capacitam, galgam fronteiras na perspetiva de vencer e serem
reconhecidos os seus méritos.
Vão-se
os talentos. Ficam os velhos. Decrépitos, espoliados de recursos e de afetos,
guardam o seu calendário de emoções e esperam aquela que, no dizer de alguém,
nunca se farta.
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