Celebrando
o dia 23 de Outubro de 1965
Aniversário
de Eurídice
Há
anos que escrevi este poema e guardei. Hoje, encontrei-o numa gaveta. A sua
importância continua a ter a mesma oportunidade e vitalidade.
Parabéns,
Eurídice!
A MINHA FILHA EURÍDICE
(no momento preciso em que completava
cinco dias de vida)
Na
vertigem da dor e do amor,
tive-te,
Eurídice, e o meu coração
de
madrugada dada em esplendor,
abriu-se
e deu-se. Deu-se em oração.
És
bela quando dormes a sorrir,
quando
choras de sede, fome ou sono;
és
pura como o lento ressurgir
duma
corola doce ao abandono.
Por
que te queremos tanto? A expressão,
só
de buscá-la perde a intensidade,
só
de vivê-la põe o seu diadema.
Transfigurei-me
em ti. Sou a noção
do
salmo que, sublime, a Mulher há-de
fazer
das suas veias como lema.
(publicado no semanário Noticias de
Guimarães daquele ano)
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