1
de Dezembro
1640-2012
São
passados 372 anos
Talvez
porque o nosso saudosismo impede de nos esquecermos, talvez porque poucas
coisas relevantes nos não tenham trazido prosperidade espiritual e muito menos
desafogo económico, a verdade é que continuamos a celebrar acontecimentos de
outros séculos que tornaram Portugal grande aos olhos do mundo.
Alguém
disse que a Pátria não podia suportar mais afrontas. Filipe I de Espanha fora
aclamado rei de Portugal em 1581, nas Cortes de Tomar. Sucederam-lhe Filipe II
e Filipe III. Durante 59 anos, a nação portuguesa sofreu um domínio de rédea
curta, quase despótico e a ignomínia de ser subjugado a um poder que não lhe
dizia nada de familiar.
Não
foi por acaso que D. João IV teve o cognome de “Restaurador”.
Nasceu
em 19 de Março de 1604 e faleceu em 6 de Novembro de 1656. Filho do 7º Duque de
Bragança, D. Teodósio e da Duquesa D. Ana. Casa com D. Luísa de Gusmão, da Casa
de Medicina de Sabóia e inicia a dinastia de Bragança.
D.
João IV é coroado rei em 15 de Dezembro de 1640, 14 dias depois da vitória.
O
povo estava cansado. O regime espanhol fazia com que perdesse a sua identidade.
Mas fora preciso um homem para chefiar o movimento revolucionário que levaria à
expulsão dos Filipes. Fora preciso um líder corajoso, determinado, patriótico,
um homem para quem o ideal nacional era importante era sagrado.
E
foi tão decisivo o protesto e tão exemplar, que ainda hoje, três séculos de
história decorridos, temos o prazer de nos orgulharmos desse passado. Por quê?
GREVE
IBÉRICA
14
de Novembro de 2012-11-17
“A
maior greve geral de que há memória intersindicalista” – disseram os cronistas.
Eu
não posso deixar de confrontar os dois eventos.
Primeiro:
a Pátria não pode suportar mais afrontas. A Pátria, constituída por todo o povo
português e tem coração e estrutura para albergar exilados de todas as etnias e
é atração dos países que desejam expandir os seus negócios, esta Pátria onde
raramente se canta o Hino simbólico de outras vitórias conquistadas, sofre hoje
de uma paralisia asfixiante em todos os aspetos.
Maus
governos, má gestão em todas as Pastas e o povo, a princípio amodorrado, cada
um pensando que a pobreza só batia à porta do vizinho enquanto os “poderosos”
enchiam os bolsos, acorda para movimentos pacifistas para alimentar uma revolta
recalcada e a lembrança dos negros horizontes que se avizinham.
Eu
pergunto de que serviu esta reação? Para invocar o que os governantes estão
fartos de saber? Qual foi o resultado senão o de sermos elogiados como crianças
bem comportadas e existirem aqueles poucos anónimos, classificados de
“profissionais da violência”, que apenas molestaram uns tantos, mais inocentes
ou menos vulneráveis.
Entretanto,
quem manda é quem pode, sirvamo-nos das frases bonitas e continuemos a suportar
a canga que nos foi imposta.
De
facto, olhando em volta, não encontro nenhum “D. João IV”, que lave a afronta
que estamos a viver, restaure a dignidade do povo português e ponha fim aos
discursos de lábia traiçoeira e promessas incautas.
Enquanto
os “galifões enrolam a informação e, no Parlamento, os deputados, alegadamente
defensores dos interesses dos portugueses escarafuncham o nariz ou adormecem
nas bancadas ou falam de coisas irrisórias, o governo permanece, porque não há
quem o substitua ou se há, fará ainda pior.
Quando
uma casa está suja, só fica bem limpa, aprazível e confortável, tirando tudo
para o exterior e escolhendo o que de melhor e útil houver, se queremos
progredir.
Com
a Revolução de Abril, esperou-se a queda da ditadura e a implantação da
democracia.
Afinal,
o que se respira é uma ditadura com esgar de democracia.
Resta-me
erguer a minha taça aos heróis e brindar pela sua lúcida intervenção.
Bem
hajam pelo que fizeram.
Pena
é que não haja quem vos siga o exemplo, quem desfralde a bandeira das cinco
quinas e grite: Basta!
Que
país queremos deixar aos nossos filhos?
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