5 de Novembro de 1974
A nossa Yô!
Quando nasceu, era forte,
gorducha, era aquilo que se convencionou chamar “fofa”.
Por isso mesmo, proporcionou um parto
confortável, com dor suave e rápida.
Veio ao mundo no ano da revolução
de Abril e cruzou-se com as dificuldades socioeconómicas provenientes da
mudança do sistema governamental.
Pode dizer-se que Yolanda nasceu
em democracia, ignorante e livre do que foram quarenta anos de fascismo.
Yolanda deu os primeiros passos
com a jovem democracia portuguesa. Aluna exemplar, enquanto o novo regime
tropeçava a cada passo, obrigando as famílias a rever as suas posições
ideológicas, a pequena Landinha, como ternamente a chamavam, desenvolvia as
suas capacidades, longe dos desmandos da população que confundia liberdade com
libertinagem.
Por falta de recursos
financeiros, não pôde dedicar-se à concretização do seu sonho: ser estilista e
desenhar moda. Com original sentido estético iria longe e realizar-se-ia.
Jovem determinada e muito
organizada, jamais se deixou abater pelo desaire de dois casamentos frustrados,
dos quais resultaram dois belos rapazes que ela procurou instruir e educar e
acompanha no seu desenvolvimento psico-somático.
Aberta ao diálogo construtivo e
didático, frequenta, sempre que pode, as tertúlias, os “cafés filosóficos”, as
exposições de arte e seleciona as boas sessões cinematográficas.
Não permite que a adversidade a
deite por terra e sempre combateu o negativismo, as ideias pessimistas e as
energias malévolas, procurando as experiências salutares da vida para enfrentar
com coragem as desilusões que outros lhe causam.
Adora pintar, decorar espaços,
não se furtando a caiar paredes se esse trabalho contribuir para base da sua
imaginação estética.
A nobreza de sentimentos e o seu
cunho de altruísmo mistura-se muitas vezes com o seu sexto sentido, quando
reconhece a oportunidade e o momento certo para agir.
Espírito desempoeirado, com
elevado pendor idealístico, aprecia muito o convívio, uma conversa de estrutura
sólida que dê para se aprender alguma coisa. Todavia, não rejeita o diálogo de
humor sadio e inteligente.
Para completar este quadro da
nossa “benjamim”, é digno de ser elogiado aquele pormenor que pode passar
despercebido à maioria mas nunca às pessoas para quem ela representa um papel muito
“sui generis” e que dá pelo nome complexo de sofrimento, medos, solidão,
desapontamento.
Yolanda disfarça tudo isso com
uma sofisticada indiferença. Recalca o sentimento menos positivo e ri à vida
que, mau grado os dissabores, a orienta na passagem para margens menos
tempestuosas onde pode aguardar a vinda do sol e o seu reflexo na água.
A isto, se chama triunfo. Poder
sobre si própria. Venha o que vier. Por tudo o que tu és, o meu coração está
contigo!
Obrigada minha mamã tão querida. Para ti serei sempre um livro aberto... Um forte abraço com muito muito amor e carinho.
ResponderEliminarBeijinho grande
Quando a avó, que mal conheceste, tinha algo a agradecer, dizia: “Levanto as mãos para Deus”… Eu imito-a na dádiva divina que através dela, permitiu que eu existisse e te proporcionasse o nascimento, como das tuas irmãs e irmão. Sim, penso que te conheço bem, através desse ”livro aberto” que é o teu coração. Agora, mais do que nunca, o meu espírito e o meu amor estão contigo, em todas as horas. Acompanho o teu Anjo da Guarda para o ajudar na tarefa da tua vigilância e por cada triunfo teu, “levanto as mãos para Deus”, em ação de graças. Um beijinho para a minha pequenina Yô, todas as noites, quando for dormir e repousar a cabecita na almofada, cerrando os olhitos. Bons sonhos, querida!
EliminarPorra!
ResponderEliminarCada vez amo mais a minha família e choro os que partiram.
Tens toda a razão para os amares. Talvez para que a conheças melhor, eu me esforce para descrever cada um nas suas particularidades. São pilares indestrutíveis.
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