3 de Novembro de 2009
Era uma vez uma boneca, de carne
e osso, pesada e rechonchuda, com pupila de azeitona escura. Caracóis miudinhos
fazem da sua cabecita, um bonsai, artisticamente podada, assente sobre um rosto
harmonioso, de pele cor de cacau.
Todo o vestuário lhe fica bem mas
o cor-de-rosa contrasta com ela primorosamente.
Com três anos de existência, tem
pouco da sua vida para contar a não ser que a separaram dos pais sem respeitar
os seus afectos e sem lhe pedir opinião sobre as suas preferências.
Talvez por isso, Luana, a
Luaninha, como lhe chama a irmã, seja uma criança reservada, silenciosa,
necessitando do carinho familiar para se expandir.
No infantário é solicitada pelos
outros meninos que apreciam a sua companhia. A personalidade que desenvolve
revela-a uma criança com sentido extremo de observação e facilidade no
aprendizado quotidiano, obedecendo às regras do sistema educativo sem aparente
dificuldade.
Não lhe falta nada. Contudo, a
tristeza brilha nos seus olhos. Se soubesse expressar o que lhe vai na alma,
diria com desassombro que o melhor local para ser feliz, é a casa de seus pais,
o seu quarto e os seus brinquedos, os seus objectos pessoais a que ela imprime
o humanismo característico da sua ternura infantil.
Não sendo muito expansiva,
mostrando mesmo uma espécie de expectativa defensiva, Luana é um “bijou”
delicioso que apetece trazer ao colo, abraçar e a quem apetece contar histórias
do “Capuchinho Vermelho”, “O Patinho Feio”ou da “Pantera Cor de Rosa”, para ver
um sorriso luminoso naquele semblante redondo, doce como um bombom na sua prata
colorida.
Que reservará o mundo a esta
criança? Que abutres a espreitam para a destronar dos seus mais caros
sentimentos e direitos constitucionais?
De uma coisa, pode estar certa.
Os seus pais e todos os seus familiares não deixarão que mal algum lhe aconteça
e manterão sempre uma presença viva e solícita.
Luana, razão de viver de seus
pais, tal como sua irmã, Iolanda, que se arvora em sua protectora, é um
diamante esplendoroso no universo da existência materialista e consumista que a
sociedade usa e abusa, destruindo os valores essenciais da vida humana.
Um desses valores cimenta-se na
virtude inocente da criança, um tesouro precioso, de preço incalculável que faz
parte do cofre de tesouros diversos que constituem o relicário infantil.
Gratos e felizes por teres
nascido, Luana, rogamos ao teu anjo da guarda, a bênção sublime de continuares
a ser a nossa menina, a nossa “boneca”, decorada pelo pincel de um Deus
maravilhoso que juntou os ingredientes da beleza e da harmonia e nos presenteou
com a tua graciosidade de porcelana.
Seja também o teu guardião, o
carinhoso xi-coração com que te envolvo, desde agora e para sempre.
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