Julgo que uma grande parte dos crentes em Deus o
prefiguram como uma pessoa idosa, de longas barbas brancas e vestuário
traduzido por manto e túnica como era usual na era em que havia profetas e
estes eram os intermediários entre a divindade e o homem.
Não creio que falassem com Deus mas que o
sentissem, derivado da sua inteligência intuitiva e ao seu poder de acuidade
interpretativa dos fenómenos naturais.
Eu penso que hoje como ontem, a massa populacional,
de certo modo inculta, crédula e sofredora, tem necessidade de Deus ou, pelo
menos, algo ou alguém superior que justifique as suas carências e os seus
dramas.
Igualar Deus a um vulto humano, consoante a
interpretação que fazemos dele ou nosso sentido estético é pouco mais que
venerar uma escultura de santo, pois este pode ser referenciado pela sua missão
e virtude e escolhido para proteger e conceder. Os santos, sendo personagens
concretas, possuem uma auréola menos importante que Deus. A auréola de Deus é a
sua glória. O estado de graça dos santos, permitia ver a glória de Deus.
Depois desta conclusão, eu penso que não sei nada
de Deus, salvo aquilo que ele me faz sentir através do seu espírito.
Então quando uma pessoa se confessa orgulhosamente
“ateu”, eu fico cheia de pena. Essa pessoa pode saber muitas coisas
intelectualmente mas não percebe nada de espiritualidade porque não acredita no
espírito. Para ela, a sua vida acaba com o último suspiro. Não há nada para
além da morte.
Impossível acreditar que assim seja. O espírito
existe e leva-me a comungar com as coisas abstratas da vida, as sensações, as
emoções, os pressentimentos e num patamar mais elevado, as presciências que nos
despertam para os sinais que nos rodeiam, num diálogo incessante com Deus.
Nada acontece por acaso, mas a maior parte das
vezes, a trepidação com que atravessamos o nosso dia-a-dia, induz-nos à
indiferença total. Por isso, mais tarde, muito mais tarde, acordamos para os
nossos erros, lamentando não ter prestado atenção. Um mínimo pormenor podia
mudar o curso da nossa história.
Deus não é um ancião barbudo e severo, de feições
austeras.
Deus também não está em toda a parte. Por exemplo: Ele não está na flor. Ele é a flor.
Contemplemos o mundo que nos cerca, a natureza que
nos oferece tantas bênçãos diversificadas, os astros, o Universo.
Neste momento, o sol dardeja os seus raios de
poente através dos vidros da janela, sobre a minha mesa de trabalho. Ergo a
cabeça numa prece silenciosa. A sua luminosidade intensifica-se até fazer doer.
Sei que dentro de minutos, mergulhará no mar mas Deus está aqui neste imenso
milagre da sua criação. E vai continuar comigo, para onde for o meu coração.
O facto de nos sentirmos gratos, de bendizermos o dia
que vemos nascer, o dom de estarmos vivos, de nos entregarmos à sua sabedoria,
inspira-nos a coragem de enfrentar os maus momentos, certos de que atrás de uma
coisa má vem sempre uma coisa boa.
Pensar em Deus, na sua universalidade e
omnipresença, atrai energias positivas. Nada é mais vibrante e decisivo que a
força e a fibra do nosso pensamento.
Deixo esta pequena frase: ”Querer é poder”. A nossa
força de vontade está em Deus, aquele que nos ama, nos protege e deseja o
melhor para nós, por vezes através das veredas mais tortuosas, que não
procuramos saber endireitar.
Não esqueçamos, porém, que Deus disse: “O que eu sei, não o sabes tu agora”.
Acredito que não há ninguém 100% ateu. O que há é pessoas que teimam em se protegerem com a aparência de serem fortes e assumirem todo o controlo de suas vidas, transportando-as para uma realidade só delas. E a sensibilidade não é coisa que as assite, garantidamente.
ResponderEliminarNão há uma pessoa igual a outra. E todas, umas de um modo, outras de outro, têm a sua sensibilidade. Existem os que sentem vergonha em a revelar. Humilham-se se a deixam transparecer porque isso é sinal de fraqueza. Não deixa de ser uma fortaleza mas virada para o egocentrismo, canalizada em defesa própria. Acham-se “mais” em tudo. E essa vaidade, para não dizer pedantismo, gera neles uma “superioridade” inútil sobre os que eles julgam ignorantes. Baseiam as respostas na ciência. Mas já Einstein dizia que esta, “sem a religião, era uma cega”.
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