10 de Junho de
2012 - DIA da RAÇA
LUIS
VAZ DE CAMÕES
(Lisboa,
1524 (?) – Lisboa, 10 Junho de l580)
Na minha
juventude, passaram no ecrã dos cinemas, a preto e branco, claro, alguns filmes
sobre a vida de Camões, um galã aventureiro, romântico fascinante e
extraordinário vate da poesia, quer em sonetos de amor quer em madrigais de
redondilha menor, dedicados às damas não só da Corte como plebeias.
António Vilar
interpretava a personagem e eu delirava com o entrecho, os duelos de capa e
espada, os arroubos sentimentais nos varandins dos palácios, nos caramanchões
velados ou nos bosques frondosos.
Ficava suspensa
com a punição a que o rei o destinara para salvaguarda da honra feminina, a
guerra de Ceuta contra os mouros, a perda do olho direito, o exílio, a sua
amada Dinamene, o naufrágio onde a perde e a custo, se salva com a preocupação
atroz de defender o maço de manuscritos que contavam a história de Portugal, escrita
quando da sua estadia no Oriente. A Pátria foi sempre madrasta para os artistas,
sempre arrostou com as culpas que em boa verdade se devem aos sistemas
governativos.
Luís de Camões
é autor de uma obra monumental que expande uma epopeia, a dos Portugueses como
navegadores e conquistadores de outros mundos, mas ninguém na sua terra lhe
reconhece o mérito. Os seus últimos dias são vividos com o auxílio do seu
criado, Jau, que pede esmola para a sobrevivência de ambos e, por fim, recebe
do monarca uma mísera tença, digamos que para morrer de fome mais dignamente.
Os 10 Cantos
dos Lusíadas, escritos em decassílabos, continuam a fazer parte da matéria da
disciplina de Português. Eu adorei sempre este volume pelos exercícios
gramaticais que era obrigada a fazer como pela temática que versava a época dos
Descobrimentos desde D. Manuel I a D. João III
O sentimento
lusíada, impregnado de miríficos deslumbramentos e cenários mitológicos, está
bem descrito em cada estrofe e guindou o autor ao expoente máximo da literatura
renascentista.
Actualmente, os
estudantes do secundário estudam pouco esta obra, não sentem interesse em
analisá-la e grande parte dos adolescentes nem sabem quem foi Luís de Camões.
A situação
agrava-se com o novo Acordo Ortográfico que nenhum respeito observa pelos
étimos latinos da nossa língua, os de via erudita e os de via popular. Se o
interesse por esta leitura era precário, agora passará a ser nulo, pois o nosso
idioma de vernáculo que tinha, passa a ser uma mistura caótica de imitações e
estrangeirismos que acabam por ensombrar a nossa identidade de lusitanos, geradores
de um sono profundo de termos feito uma era, a dos Descobrimentos, e sermos
iguais a nós próprios, na vanguarda da civilização em busca de outras
civilizações.
Naquele tempo,
a Europa teria cauda?
Ou adormecemos
à sombra dos louros de Camões?
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