Sim,
na verdade não encontrei disposição para escrever alguma coisa sobre estas duas
quadras.
Porquê?!
Há
dois milénios que o cenário se repete. E apesar de as sociedades evoluírem,
celebrarem conquistas e modernizarem o seu quotidiano, tornando-o mais
confortável e promissor, na generalidade o cérebro humano está cada vez mais
atrofiado e o individualismo prolifera alargando a margem do egoísmo, do
egocentrismo.
Diz-se
ainda que o Natal é das crianças. É-o de facto. A sensibilidade sem mácula com
que recebem os presentes, a alegria esfusiante com que mimoseiam as surpresas,
a expectativa com que aguardam a imagem de um Pai Natal lendário, conduzindo as
suas renas e o seu trenó, como um conto de fadas transposto para a realidade,
são de um vernaculismo exemplar, de uma pureza
que dignifica o mundo.
O
Natal para os adultos não se reveste do mesmo significado. Trocam-se palavras
convencionais. Transparece alguma sinceridade e até creio que alguns vibrem
momentaneamente com o espírito natalício, a união familiar, o pretexto para
“matar saudades” e se realiza se surge a oportunidade, pois a vida escraviza,
não adoça. Pelo menos, as pessoas deixam se manietar por ela.
Mas chega o novo Ano e este, sim, é
dos indivíduos crescidos, que embarcam na miragem do festivo e não conhecem
limites.
E
temos o aumento da sinistralidade nas estradas, os excessos das bebidas, o
exotismo das infracções e da violência.
É
um tempo especial para quem despreza o bom senso.
Regressando
à rotina, ignora-se que se podem cometer acções de ternura, de perdão, de
solidariedade, de respeito pelo semelhante, de compreensão, de abnegação.
E
a humanidade volta a sobreviver com os seus criminosos, psicopatas,
energúmenos, gente bárbara, selvagem, esmagada sob o efeito do veneno que
destila na sua alma.
Porque
as celebrações têm significado efémero, desviam a atenção do quotidiano, disfarçam
momentaneamente os problemas através da embriaguês dos sentidos.
Os
adolescentes pagam a factura. Vejamos o que lhes vem acontecendo ao longo do
ano. À deriva, sem aconselhamento educativo, sós nas decisões, ébrios de
liberdades catastróficas.
Os
pais têm culpa e a sociedade também.
Mas
não há volta a dar-lhe. Os erros e o desleixo repetem-se. O comodismo
acentua-se na proporção directa das dificuldades sócio-económicas e da
capacidade temperamental de as aceitar e resolver.
Enquanto
pensarmos em termos materialistas, desprezando o espírito, não vamos a lado
nenhum.
Por
isso, resta-me desejar em cada dia, o bem de todos, manifestar em cada dia,
solidariedade, compreensão e tolerância para com o próximo e considerar cada
criatura inestimável, estimulando-a a ser cúmplice da minha boa vontade.
E
assim, aqui estou brindando todos os dias por um Natal simbólico do comportamento
humano e cívico de cada um e pelo Novo Ano desfolhado por um calendário
individual que incentive a paz, o amor, a ternura e aquela nobreza de
sentimentos que inspira a relação emocional em todos os níveis.
Diariamente,
convém parar uns minutos para reflectir.
Feliz
Ano 2017!!!
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