Concordo
com as pessoas que dizem que “a vida é bela”. Cada reino – animal, vegetal e
mineral – é belo e o ser humano recebe muitos benefícios das suas virtudes e
propriedades.
O
que torna a vida ingrata é o homem; o cérebro e a mão do homem.
E
ele mesmo atrai as vicissitudes para cima de si. Uns mais, outros menos, todos
cometem erros, prejudicam o próximo, e, pelo menos, um pecado cometem dos dez
capitais.
A
intensidade da adversidade não é a mesma em todos os percursos; as necessidades
não são as mesmas; a fatalidade não atinge as mesmas proporções. Em cada lar,
em cada agregado, em cada estatuto social, o resultado das más ações, das
fraudes, das vilanias, dos ódios, das mentiras, é diferente, as consequências
são diversas e o “salve-se quem puder” de cada indivíduo traduz-se muito pela
medida do seu caráter, pelo matiz da sua personalidade e pelo teor das
oportunidades.
A
crise que Portugal atravessa não afeta todos os portugueses. E aqueles a quem
afeta, coloca em duas plataformas, os que vivem, procurando solucionar as suas
carências, e os que sobrevivem numa luta quotidiana para suprir as dificuldades
maioritárias, à custa de grandes sacrifícios e da dispensa de muitos hábitos
que lhes davam conforto.
Fala-se
em euros, milhões de euros, em concursos e sorteios que possibilitam milhares;
fala-se na eventualidade da aparição de “excêntricos” devido aos sorteios e
fala-se nos milhões que os sinistros homens de “negócios” manipulam e
escamoteiam, num jogo de “gato e rato” com o fisco e com a justiça.
Estes
vivem.
Fala-se
nas famílias desesperadas que angariam o essencial para o dia-a-dia, dos
milhares que, sem emprego, não têm como subsistir, crianças que vão para a
escola em jejum, os que se situam “abaixo do limiar da pobreza”.
Estes
sobrevivem. Principalmente pelas aparências porque há aquela “pobreza
envergonhada” que se oculta no silêncio, à mercê de resoluções que nunca
chegam.
Sobre
os ombros dos sistemas e dos poderosos, cai a culpa destas desgraças, das
corrupções, das injustiças, dos suicídios.
Temos
no paladar, de novo, a vitória do PS nas autárquicas. Vamos esperar para ver.
Seria
bom que os ricos ficassem menos ricos e os pobres menos pobres, já que a
igualdade só está para os deveres dos que nada ou quase nada têm e os direitos
dos que tudo esbulham, como aves de rapina ou sanguessugas.
Estou
em crer que se virou o disco mas se vai tocar o mesmo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Violar os Direitos de Autor é crime de acordo com a lei 9610/98 e está previsto pelo artigo 184 do Código Penal.
Por isso NÃO COPIE nenhum artigo deste blogue ou parte dele, sem dar os devidos créditos da autoria e sem colocar o link da postagem.
Muito obrigada!