O País, terra queimada, veste
luto por si próprio
É uma desolação. A paisagem verde
e florida foi substituída por troncos descarnados e negros, destroços e matéria
inorgânica calcinada, por caruma agreste e mato ressequido, tudo reduzido a
cinzas.
Visitamos os lugares dantes
luxuriantes, as explorações agrícolas, fruto do trabalho e sustento de muitos e
o que se nos depara, pior que uma intempérie, são enormes extensões de terrenos
devastados pelo fogo.
O cancro disto tudo é que esta situação
de incêndios que podia, na melhor das hipóteses, ser provocada pela alteração
do clima, da intensidade do calor, é na maior parte das ocasiões, senão quase
todas, originada por “fogo posto”, por incendiários psicopatas que atuam por
diversão ou por vingança.
Pergunto, perante este quadro e o
preço por que pagaram as vítimas ceifadas na onda desta calamidade, que solução
encontrar para travar a violência e o resultado de acontecimentos que envolveu,
para além da perda de bens materiais, a imolação de vidas humanas, “os soldados
da paz”, cuja saudade e afetos são insubstituíveis.
O curioso é que se previa, como
todos os anos, que estas destruições iriam suceder mas ninguém esperava que
numa nação de “brandos costumes” como a nossa, o crime adquirisse proporções
irremediáveis.
A punição para estes energúmenos
não servirá de nada. Não trará os bombeiros de regresso ao mundo; não pagará os
prejuízos; não remediará o pânico em que as famílias se encontram com o receio
de novas represálias; não evitará novas “proezas” no género.
De que serve haver mais
cadastrados nas prisões?
A solução não está aí mas no
impedimento do mal. Como?
Obrigatoriedade da limpeza
periódica das florestas. Há muita gente desempregada que, possivelmente apenas
pela garantia de comida, aceitariam de bom grado, esses serviços.
Vigilância permanente das zonas
arborizadas.
Os resultados obtêm-se na
prevenção não na resolução em cima da hora, no castigo dos famigerados, muitas
vezes a soldo de agentes estranhos e no recurso a auxílio externo que mais caro
nos fica.
Mas quem tem poder e
discernimento para mudar este panorama, sem excluir que os proprietários das
matas e pinhais, deviam ser obrigados, eles também, à limpeza das suas
superfícies?
Afinal, onde está a culpa?
No Governo, cujo Ministério
próprio, não movimenta as suas competências no sentido de uma vida tranquila e
não ameaçada?
Nas instituições criadas - dizem
- para “conservação do ambiente”?
No povo, que se lastima quando
lhe toca e lastima os outros quando fica de fora?
Afinal todos somos culpados!
Não termino sem prestar a minha
homenagem sentida pela ação heroica das mulheres e homens que responderam e
ainda respondem com a vida ao apelo aflitivo daqueles que nada fizeram para
evitar estas catástrofes.
A glória e a paz estejam com
estes jovens cujo altruísmo e dedicação deviam envergonhar-nos e cobrir-nos de
remorsos.
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