12
de Fevereiro de 2013
Eu
costumo diferenciar “Carnaval” de “fantasia”. Carnaval é tudo o que acontece no
quotidiano imposto pelos nossos hábitos e pensamentos.
Carnaval
são todas as promessas dos governantes subordinadas ao tema “olhem para o que
digo, não olhem para o que eu faço”.
Carnaval
são as campanhas dos partidos, anunciando prosperidade, garantias e direitos ao
povo, utilizando o dinheiro do próprio povo.
Carnaval,
são matérias dadas a correr em aulas sem disciplina.
Carnaval
são as filas intermináveis nas Finanças, enquanto os funcionários “passarinham”
de um lado para o outro e falam do fim-de-semana que passou, suspirando pelo
próximo.
Carnaval
são as salas de espera dos contribuintes que para resolver a sua oportunidade
de benefícios, constituem telas imóveis de gente apática que desistiu de
“bufar”.
Carnaval
é ter marcada uma consulta para as 10h e ser chamada às 13:45h.
Carnaval
é a empresa mandar para casa o trabalhador com base na “manutenção da máquina”
e o intervalo provisório se transformar numa dispensa sem pré-aviso.
Carnaval
é o trabalhador fazer horas “extraordinárias” e em vez de lhas pagarem,
acenarem-lhe com a miragem de um “banco de horas”.
Carnaval
é pagar caro e ser mal servido.
Carnaval
são os “cortes” nos subsídios da classe média e deixar respirar os ricos que
ainda têm goela para queixumes encenados.
Carnaval
é um bebé esperar as subvenções a que ele e sua mãe têm direito e serem
obrigados a uma espera de meses, pois nesse período deve-se ter convencionado
um jejum para ambos.
Carnaval
é despenderem-se fortunas em empreendimentos megalómanos para terminarem em
esqueletos ou, esculturas abstratas ou ninhos para seres de arribação.
Carnaval
são as montanhas de papeis para tudo, numa burocracia sem fim, para provar onde
fica estagnada a inteligência e como é tempo para os analfabetos de espremerem
a massa encefálica.
Carnaval
é apagarem-se os incêndios nas florestas em vez de se limparem as matas e se
estabelecer vigilância cerrada; ampliando a guarda-florestal.
Carnaval
é estar tanta gente desempregada quando há tanto que fazer.
Carnaval
é prender-se um que rouba para dar de comer aos filhos e libertar-se um
bandido, violador ou assassino.
Carnaval
é o que se representa no Parlamento; como se estivesse num palco enquanto
outros bocejam, dormitam ou escarafuncham o nariz.
Carnaval
faz o povo, diariamente, consentindo aquilo que não aplaude.
Carnaval
é os recém-nascidos beberem leite normal em vez do leite próprio para a sua
idade, porque a crise assim o exige.
Carnaval,
é as crianças serem dadas para adopção por sentença judicial, à maneira de
Esparta, em vez de se criarem condições que estabeleçam o equilíbrio próspero e
afetivo do agregado familiar.
E
ainda pior, as instituições de acolhimento funcionarem pessimamente, sofrerem
reduções no orçamento e a lotação crescer em número em lugar de se promover o
conforto moral e material dos ambientes familiares mais desfavorecidos.
E
ainda por causa dela, as crianças trocarem as senhas das suas refeições por
dinheiro, que levam para casa, não se sabe se de “motu próprio” se por ordem
dos pais.
Carnaval
é deputados alegadamente pertencerem a “comissões de ética” e serem apanhados
peça polícia por condução perigosa devido ao excesso de álcool e, por isso,
infringirem a lei e a ética.
Carnaval
são os animais tratados como objetos de valor ornamental e serem abandonados à
sua sorte quando constituem um estorvo para os donos.
E
mais diria se não fosse para tanta barbaridade, tão exíguo o espaço.
Então
eu louvo a Fantasia das crianças Essas, simbolizam as figuras da sua predileção
enquanto o seu espírito permanece límpido e confiante na alegria ditada por um
evento, pueril sim, mas que as anima a dar asas à sua imaginação, vestindo as
roupagens da personagem que mais as cativa, porque, ao menos, por uma vez em
cada ano, avulta a sinceridade, através do espelho da alma das nossas crianças,
através da juventude desprendida, porque até nos bailes de diversão
carnavalesca, os adultos colocam a máscara.
««««««««««««««««««««««««
Pregar
“partidas” inofensivas e engraçadas faz bem ao fígado.
Deixo
aqui dois exemplos:
Parodiando
João de Deus, autor de um poema humorístico de rimas em “aio”, eu lembrei-me de
fazer uma carta, anónima, com as rimas em “ão”. A pessoa a quem a enviei nunca
soube a proveniência.
E
saiu isto:
Amiga
do coração,
(Em
rimas não me apanharão;
mormente
rimas em “ão”).
Sabe
que montei no cão,
preto
da cor do negrão
e
também papagueão
e
fui a uma excursão.
Nisto,
não sei que esticão
sinto
na esquerda mão,
em
que levava o Alcorão,
tal
como em peregrinação
que,
sem ver, dou tropeção
num
enorme pedregão,
muito
maior que um limão
Arranco,
dou um sacão
e
atiro a trela para o chão.
Vejo
do fato o rasgão,
sofro
tamanha impressão
que
desmaio de emoção.
Fui
para a cama com um febrão.
Veio
um físico velhão
que
me deu uma injeção.
Pior
não estou, isso, não!
Tenho
só a distração
de
cantar em alemão,
qualquer
gaiata canção
e
a bela receção
de
dieta de feijão,
molho
de espinafres e grão.
Adeus,
que vou à lição
que
me dá um rufião,
de
piano e rabecão.
Beijos,
dou-te um quarteirão
e
escreve breve senão
prego-te
um belo sermão.
Carnaval,
12, sem verão,
Fevereiro
com nevão,
2013
em gestão,
Um
grande xi-coração.
Tua amiga até mais não
««««««««««««««««««««««««««««««««««««
Em
uma dada época da minha vida folgazã, recolhi uma outra “partidinha”:
Recortando
pequenos quadrados de papel, escrevi uma quadra em cada um e fui embrulhando
hipotéticas “ofertas”. O destinatário só encontra o “presente” no papel que tem
escrita a última quadra. Pode ultimar a oferta com um alho, um objeto patusco,
conforme a sua imaginação. O volume obtido é colocado numa caixinha que se
embrulha em papel colorido, rematado com uma fita de seda.
Eis
as quadras:
1ª
Esperava
já? Nem pensar!
Desembrulhe
por favor,
pois
se tiver paciência,
verá
o bom e o melhor.
2ª
Inda
não foi desta vez.
Desembrulhe
com ciência.
É
preciso muita calma
e
doses de persistência.
3ª
Inda
não é desta, agora,
que
verá sua prendinha.
Tire
lá mais um papel
e
mantenha a sua linha.
4ª
Esperava
já? Que arrelia!
Mas
não pense que é azar.
Quem
espera sempre alcança.
Vamos
lá continuar!
5ª
Mais
um papel outra vez.
Não
me irrite e vá em frente
se
quer ver o que contem
este
embrulhinho decente.
6ª
Desembrulhe
e tenha calma.
É
preciso trabalhar,
pois
trabalhar dá saúde.
Vamos
lá, toca a avançar.
7ª
Que
esperava ser agora?
Mais
um papel pois então!
Desembrulhe
que vai ter
uma
prenda já na mão.
8ª
Vai
ser agora!? É engano!
Tire
mais um papelinho
se
quiser fazer inveja
a
quem está no seu caminho.
9ª
Vamos
lá ver se é agora.
Mas
que grande contratempo!
Desembrulhe,
desembrulhe,
sempre
irá passando o tempo.
10ª
O
papel é nosso amigo
e
tem muita utilidade.
Sempre
faz lindos embrulhos
próprios
para a sua idade.
11ª
Ainda
nada! Que história!
Estão
a brincar com a gente.
Tente
de novo a procura!
Seja
mais que diligente!
12ª
Ah!
Finalmente! Ora abra!
Tire
o cordel da caixinha!
Não
lhe disse que era agora?
Ora
aí tem a prendinha!
Alegre
e divertido Carnaval para todos!
Os
que não puderem, recordem algo de bom e nostálgico nas suas vidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Violar os Direitos de Autor é crime de acordo com a lei 9610/98 e está previsto pelo artigo 184 do Código Penal.
Por isso NÃO COPIE nenhum artigo deste blogue ou parte dele, sem dar os devidos créditos da autoria e sem colocar o link da postagem.
Muito obrigada!