domingo, 10 de fevereiro de 2013

CARNAVAL 2013



12 de Fevereiro de 2013

Eu costumo diferenciar “Carnaval” de “fantasia”. Carnaval é tudo o que acontece no quotidiano imposto pelos nossos hábitos e pensamentos.
Carnaval são todas as promessas dos governantes subordinadas ao tema “olhem para o que digo, não olhem para o que eu faço”.
Carnaval são as campanhas dos partidos, anunciando prosperidade, garantias e direitos ao povo, utilizando o dinheiro do próprio povo.
Carnaval, são matérias dadas a correr em aulas sem disciplina.
Carnaval são as filas intermináveis nas Finanças, enquanto os funcionários “passarinham” de um lado para o outro e falam do fim-de-semana que passou, suspirando pelo próximo.
Carnaval são as salas de espera dos contribuintes que para resolver a sua oportunidade de benefícios, constituem telas imóveis de gente apática que desistiu de “bufar”.
Carnaval é ter marcada uma consulta para as 10h e ser chamada às 13:45h.
Carnaval é a empresa mandar para casa o trabalhador com base na “manutenção da máquina” e o intervalo provisório se transformar numa dispensa sem pré-aviso.
Carnaval é o trabalhador fazer horas “extraordinárias” e em vez de lhas pagarem, acenarem-lhe com a miragem de um “banco de horas”.
Carnaval é pagar caro e ser mal servido.
Carnaval são os “cortes” nos subsídios da classe média e deixar respirar os ricos que ainda têm goela para queixumes encenados.
Carnaval é um bebé esperar as subvenções a que ele e sua mãe têm direito e serem obrigados a uma espera de meses, pois nesse período deve-se ter convencionado um jejum para ambos.
Carnaval é despenderem-se fortunas em empreendimentos megalómanos para terminarem em esqueletos ou, esculturas abstratas ou ninhos para seres de arribação.
Carnaval são as montanhas de papeis para tudo, numa burocracia sem fim, para provar onde fica estagnada a inteligência e como é tempo para os analfabetos de espremerem a massa encefálica.
Carnaval é apagarem-se os incêndios nas florestas em vez de se limparem as matas e se estabelecer vigilância cerrada; ampliando a guarda-florestal.
Carnaval é estar tanta gente desempregada quando há tanto que fazer.
Carnaval é prender-se um que rouba para dar de comer aos filhos e libertar-se um bandido, violador ou assassino.
Carnaval é o que se representa no Parlamento; como se estivesse num palco enquanto outros bocejam, dormitam ou escarafuncham o nariz.
Carnaval faz o povo, diariamente, consentindo aquilo que não aplaude.
Carnaval é os recém-nascidos beberem leite normal em vez do leite próprio para a sua idade, porque a crise assim o exige.
Carnaval, é as crianças serem dadas para adopção por sentença judicial, à maneira de Esparta, em vez de se criarem condições que estabeleçam o equilíbrio próspero e afetivo do agregado familiar.
E ainda pior, as instituições de acolhimento funcionarem pessimamente, sofrerem reduções no orçamento e a lotação crescer em número em lugar de se promover o conforto moral e material dos ambientes familiares mais desfavorecidos.
E ainda por causa dela, as crianças trocarem as senhas das suas refeições por dinheiro, que levam para casa, não se sabe se de “motu próprio” se por ordem dos pais.
Carnaval é deputados alegadamente pertencerem a “comissões de ética” e serem apanhados peça polícia por condução perigosa devido ao excesso de álcool e, por isso, infringirem a lei e a ética.
Carnaval são os animais tratados como objetos de valor ornamental e serem abandonados à sua sorte quando constituem um estorvo para os donos.

E mais diria se não fosse para tanta barbaridade, tão exíguo o espaço.


Então eu louvo a Fantasia das crianças Essas, simbolizam as figuras da sua predileção enquanto o seu espírito permanece límpido e confiante na alegria ditada por um evento, pueril sim, mas que as anima a dar asas à sua imaginação, vestindo as roupagens da personagem que mais as cativa, porque, ao menos, por uma vez em cada ano, avulta a sinceridade, através do espelho da alma das nossas crianças, através da juventude desprendida, porque até nos bailes de diversão carnavalesca, os adultos colocam a máscara.

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Pregar “partidas” inofensivas e engraçadas faz bem ao fígado.
Deixo aqui dois exemplos:

Parodiando João de Deus, autor de um poema humorístico de rimas em “aio”, eu lembrei-me de fazer uma carta, anónima, com as rimas em “ão”. A pessoa a quem a enviei nunca soube a proveniência.
E saiu isto:

Amiga do coração,

(Em rimas não me apanharão;
mormente rimas em “ão”).

Sabe que montei no cão,
preto da cor do negrão
e também papagueão
e fui a uma excursão.
Nisto, não sei que esticão
sinto na esquerda mão,
em que levava o Alcorão,
tal como em peregrinação
que, sem ver, dou tropeção
num enorme pedregão,
muito maior que um limão
Arranco, dou um sacão
e atiro a trela para o chão.
Vejo do fato o rasgão,
sofro tamanha impressão
que desmaio de emoção.
Fui para a cama com um febrão.
Veio um físico velhão
que me deu uma injeção.
Pior não estou, isso, não!
Tenho só a distração
de cantar em alemão,
qualquer gaiata canção
e a bela receção
de dieta de feijão,
molho de espinafres e grão.


Adeus, que vou à lição
que me dá um rufião,
de piano e rabecão.
Beijos, dou-te um quarteirão
e escreve breve senão
prego-te um belo sermão.

Carnaval, 12, sem verão,
Fevereiro com nevão,
2013 em gestão,
Um grande xi-coração.

                 Tua amiga até mais não


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Em uma dada época da minha vida folgazã, recolhi uma outra “partidinha”:
Recortando pequenos quadrados de papel, escrevi uma quadra em cada um e fui embrulhando hipotéticas “ofertas”. O destinatário só encontra o “presente” no papel que tem escrita a última quadra. Pode ultimar a oferta com um alho, um objeto patusco, conforme a sua imaginação. O volume obtido é colocado numa caixinha que se embrulha em papel colorido, rematado com uma fita de seda.

Eis as quadras:


Esperava já? Nem pensar!
Desembrulhe por favor,
pois se tiver paciência,
verá o bom e o melhor.


Inda não foi desta vez.
Desembrulhe com ciência.
É preciso muita calma
e doses de persistência.


Inda não é desta, agora,
que verá sua prendinha.
Tire lá mais um papel
e mantenha a sua linha.


Esperava já? Que arrelia!
Mas não pense que é azar.
Quem espera sempre alcança.
Vamos lá continuar!


Mais um papel outra vez.
Não me irrite e vá em frente
se quer ver o que contem
este embrulhinho decente.


Desembrulhe e tenha calma.
É preciso trabalhar,
pois trabalhar dá saúde.
Vamos lá, toca a avançar.


Que esperava ser agora?
Mais um papel pois então!
Desembrulhe que vai ter
uma prenda já na mão.


Vai ser agora!? É engano!
Tire mais um papelinho
se quiser fazer inveja
a quem está no seu caminho.


Vamos lá ver se é agora.
Mas que grande contratempo!
Desembrulhe, desembrulhe,
sempre irá passando o tempo.

10ª

O papel é nosso amigo
e tem muita utilidade.
Sempre faz lindos embrulhos
próprios para a sua idade.

11ª

Ainda nada! Que história!
Estão a brincar com a gente.
Tente de novo a procura!
Seja mais que diligente!

12ª

Ah! Finalmente! Ora abra!
Tire o cordel da caixinha!
Não lhe disse que era agora?
Ora aí tem a prendinha!



Alegre e divertido Carnaval para todos!
Os que não puderem, recordem algo de bom e nostálgico nas suas vidas.


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