Dia
6 de Maio de 2012
Creio
interpretar o sentimento de todos aqueles que tiveram a felicidade de conviver
com a sua mãe e aqueles que ainda gozam da sua presença.
A
ausência da mãe torna os filhos órfãos para sempre de forma inevitável, pois
ninguém a substitui.
Brindem
hoje comigo. Levantem comigo uma taça de Champanhe em nome daquela que nos deu
o ser, nos vigia onde quer que esteja, aquela que dá tudo, se despoja de tudo
para que os caminhos da vida se forrem de flores. Aquela para quem somos alma e
espírito; corpo e cofre de tesouros. Celebremos a
MÃE
– MULHER DE TODOS OS TEMPOS
Conta
a lenda que Deus não podia estar em toda a parte ao mesmo tempo. Então,
inventou as mães.
Certamente
sabia, de antemão, que os homens, com o seu livre arbítrio, iriam aperfeiçoar a
sua inteligência no campo do poder e da ambição e tornar o seu ambiente num
vasto laboratório do seu egocentrismo.
As
lágrimas iriam correr como os caudais dos rios. Os gemidos e as lamentações
acompanharam as noites de insónia, os conflitos e as guerras misturar-se-iam à
voz dos trovões e o mundo saltaria de catástrofe em catástrofe, acumularia as
experiências no sótão e continuaria incoerente e insubmisso, nesciamente
amarrado às aparências e ao seu umbigo, nostálgico da sua existência fetal.
Desde
que o homem povoa a Terra, nenhum século presenciou progressos tão
espectaculares como estes que transpusemos. Comparativamente com o passado, num
espaço relativamente curto, processaram-se numerosas invenções e inovações,
descobertas e melhorias, não só no domínio da ciência como nos conhecimentos
sobre a matéria e a energia. As próprias leis da física clássica se
enriqueceram e ampliaram horizontes.
Gigantescos
telescópios e radiotelescópios tornam possível a contemplação de desconhecidos
universos do macrocosmos. Microscópios electrónicos descobrem as profundidades
e subtilezas do microcosmos. Fazem-se transplantes vitais. Os cérebros
electrónicos intervêm na ciência, indústria e economia. Pisou-se solo lunar e
recolheram-se amostras petrográficas do nosso satélite. Sondas cósmicas nos
põem constantemente em contacto com outros planetas e milagres técnicos que
ontem eram considerados ciência-ficção, são hoje realidades irrefutáveis.
Nenhuma
meta parece inatingível e as sociedades de consumo rivalizam com a saturação
dos mercados.
Todavia,
há algo que se não conseguiu: a felicidade. Antes, pelo contrário, se expandiu
uma sensação de mal-estar, de vazio. E falar de futilidade nem vale a pena. O
brilho exterior não é suficiente para preencher a enorme brecha escavada na
consciência humana, minada de materialismo. Muitos, a grande percentagem,
queixam-se de que a vida perdeu o significado. O medo, um temor irreprimível se
apoderou inexplicavelmente de muitas pessoas e os suicídios são o epílogo desastroso
para quem a alma ou o espírito não oferecem qualquer valor, esfarelando a
autoestima. E com os suicídios, as enfermidades psicossomáticas que escravizam
a criatura e a fragilizam sem esperança.
A
distribuição de tudo quanto era considerado ideal, o enterramento dos tabus, os
valores escarnecidos, tudo quando dantes era considerado elevado e santo, é, na
actualidade, desdenhado e posto de lado. As religiões perderam a sua força e
persuasão. O homem perdeu a capacidade de sonhar e não sente necessidade de
acreditar em nada de sublime.
O
estadista inglês Winston Churchill vaticinou com autoridade: os nossos
descendentes directos levarão a cabo projectos que as gerações passadas não
adivinharam sequer em sonhos. Comodidades, bens de consumo, ócios e prazeres
choverão sobre eles. Mas os seus corações sofrerão, sua vida será vazia se não
for sustentada por coisas que vão mais além do material. E com as esperanças e
as prepotências virão os perigos que já não terão relação com o
desenvolvimento do intelecto humano, a firmeza do seu carácter e da utilidade
dos seus actos.
Uma
vez mais enfrentarão com alternativa de serem benditos ou malditos. A decisão
que tomarem é muito difícil de predizer.
A
necessidade de um peito amigo, solidário, compreensivo é cada vez mais
imperiosa. E ninguém melhor representa esse papel do que o sentimento maternal
de quem nos deu o ser.
Pus-te
neste mundo, meu filho, não foi para sofreres mas para que beneficiasses dos
seus privilégios. O mundo salvar-te-á, salvar-se-ão os homens, por causa das
mães. Mães que continuarão a registar história, heróis, sábios, santos.
Orientarão os seus passos, enxugarão as suas lágrimas, curarão as feridas do
corpo e da alma. Seus braços abrir-se-ão sempre que precisem de um abraço. Seu
coração compreenderá sempre que solicitarem uma confidente. Seus olhos
sensíveis escurecerão sempre que precisarem de uma lição. A sua força e amor os
dirigirão e lhes proporcionarão estimulos para que voem.
Em
todas as décadas, a mãe será lembrada e exaltada. A mãe que também é sábia,
santa e heroína. A mãe que soluciona os problemas, supera as dificuldades,
varre os escolhos, sustém a espada que trespassa o seu coração e nunca altera o
seu sorriso de vitória e ebnegação.
O
mundo e os homens têm para com ela uma dívida incalculável.
E
há sempre sobre todas as mães, uma grande Mãe e uma grande Mulher: a Minha…
Querida Mãe! É com uma lágrima no olho que leio estas tuas palavras que me fazem recordar quando eu, ainda pequenina, saltava para o teu colo em busca de um caloroso abraço seguido de um doce beijo que me tranquilizava com uma paz profunda como de estivesse envolvida e assim protegida por umas asas brancas enormes de um anjo branco que me transmitia o bem, do lado de fora permanecia todo o mal que não me conseguia alcançar. Mas cresci, cresci e tenho agora eu que enfrentar esse mal e ser aquele anjo branco que abraça o seu filho para protege-lo. Se pudesse seria sempre aquela criança inocente que sente que tudo é fácil de se resolver mas como a realidade não é essa, quero agradecer-Te por todas as palavras que me deram consolo e me ensinaram o que sei hoje e por todo o carinho e amor que me acolheram e confortaram, mesmo quando não estavas presente. Obrigada Mãe, estás sempre no meu coração e no meu pensamento, Amo-te Muito!
ResponderEliminarFoi com enorme emoção que li o teu comentário e mais profundo se gravou o sentimento eterno de que para uma mãe, os filhos permanecem sempre bebés. São sempre pequeninos, são sempre os seus bebés. Por isso, minha muito querida “Belucha”, és e sempre serás aquela pequerrucha que, de cócoras, no quintal da casa, pegava numa flor ou seguia com o dedito, um inofensivo bichito, como se entre os dois se estabelecesse um longo diálogo.
EliminarRecordas-te, eu ralhava pouco, contigo e com os teus irmãos, o que não quer dizer que não acontecesse quando necessário.
Mas há uma vez em que estava a ensinar-te as primeiras letras e perdi a paciência e fui áspera contigo. Começaste a chorar. O avô apareceu e repreendeu-me severamente. O remorso ainda hoje me morde o coração.
Tenho muito orgulho em ti. A tua vida, perpetuada no teu filho constitui um exemplo. Daniel é um jovem sensato, adulto, consciente das suas responsabilidades, sensível e, apesar de não ser muito expansivo neste pormenor, adora-te.
De cada vez que recordo a tua carinha rechonchuda, o teu riso e o teu trejeito quando em frente da máquina fotográfica, recuo no passado e é como no primeiro dia do teu nascimento, o momento mais belo e feliz da vida de uma mulher. Por cinco vezes experimentei essa felicidade. E por cinco vezes jurei estar sempre presente na vida de todos os meus filhos. Neste mundo ou no outro, estarei convosco, estarei contigo, protegendo-te, segredando conselhos, fazendo na tua frente um quadro de energias sempre renovadas.
Termino por agora, repetindo uma frase do poeta Camões: “Mais faria se não fora para tão grande amor, tão curta a vida”. Só que ter filhos é a felicidade pura. Protegê-los, amá-los e tê-los presentes, é a felicidade plena. Deus te abençoe pela maravilhosa oferta que tu representas.
Se eu pudesse definir a minha mãe em uma única palavra eu escolheria; dignidade!
ResponderEliminarAqui no Brasil comemoramos o dia das mães no segundo domingo de maio. Essa data só perde em número de vendas para o natal. Comércio? Talvez! Mas é bom demais presentearmos a quem amamos tanto, ainda que seja com uma oração.
Feliz dia das mães Aurora!
Querida Sandra. Bem-haja pelo seu comentário. Bem-haja por ler o que eu gosto de partilhar e permitir tão saudável convívio, num mundo conturbado por tanta calamidade.
EliminarA designação que encontrou para a sua mãe é tremendamente apropriada. Nenhuma outra pessoa merece ser conceituada assim.
Ao falar da sua mãe, fez-me recordar a minha. O seu jeito de me chamar, o tom de voz meigo com que me repreendia, os seus cuidados e preocupação. Agora sei como era importante para ela. Já lá vão muitos anos. Trinta e cinco anos! E ainda estou a vê-la, no seu passo silencioso, tirando-me o livro da mão, puxando os cobertores e rindo porque eu me deixava adormecer, antes de apagar a luz, ao deitar.
Mas o maior orgulho é ver que os meus filhos seguem o exemplo da avó, invocando as suas lições de moral e copiando os seus hábitos, com base no seu inconfundível carácter.
Regozijo-me em saber que os netos a não esqueceram e a lembram em certos casos.”A avó dizia…” “A avó fazia…”
Por isso, minha amiga, obrigada, porque ao falar da sua mãe, fez-me lembrar a minha com uma emoção especial, fora do contexto da data que a celebra, pois a mãe preenche o vazio da nossa memória e fala connosco na nossa solidão.